"Caso o cotidiano lhe pareça pobre, não reclame dele,

reclame de si mesmo que não é poeta o bastante

para evocar as suas riquezas."


Rainer Maria Rilke

Cartas a um jovem poeta.Porto Alegre: L&PM,2006.p.26




sábado, 14 de julho de 2012

Mãos habilidosas

A FEARG -Feira do Artesanato de Rio Grande é um evento anual esperado por todos. Este ano na sua 34ª  edição, novamente, está atraindo um grande público porque é bem organizada, tem história e reuni artesãos da nossa cidade e inclusive de outros países.
Lembro muito bem das primeiras edições. Eram pequenas, simples, mas sempre reverenciando e divulgando o artesanato, a habilidade e o talento das pessoas. 
Não sei se visitei todas as feiras, mas posso garantir que prestigiei a maioria delas. Minha presença não faria diferença alguma, mas noto como os artistas olham o público, cada pessoa com uma atenção toda especial, como se percebessem um a um que se aproxima da sua arte. Muitos  deles nos convidam a apreciar um pouco mais, explicam o seu trabalho e depois, carinhosamente agradecem a presença.
Eu procuro elogiar o artesanato daqueles que mais me surpreendem e também dos que trabalham com materiais recicláveis que, às vezes, descartamos como lixo e que, nas suas mãos, se torna arte. 
Os artesãos possuem uma paciência e uma delicadeza de dar inveja. Parece que estão num outro ritmo, numa outra frequência. Descobriram o controle da ansiedade. Alguns colocam incenso, fontes de água jorrando sobre pedras ou bambu criando um clima harmônico para mostrar a sua inspiração.
Ao mesmo tempo que expõem seus trabalhos, que divulgam e vendem, também estão ali criando.
Eu admiro tudo isso. É divino para mim. Não tenho esse dom.
Um dia, achei que poderia ter, me indignei com minha falta de habilidade e comprei agulhas e lãs, queria aprender a tricotar. Amigas deram-me algumas orientações e logo comecei a fazer. Elas fazem isso com a maior facilidade. 
As agulhas nas minhas mãos pareciam pesar mais do que aparentavam. Os dedos estavam duros, engessados. Os fios ficavam torcidos, mas eu insistia. Os pontos ora ficavam apertados,ora frouxos demais,mas eu insistia. Acomodei-me numa rede, para ficar numa posição aconchegante. Daqui um pouquinho, errei a tal ordem e logo ponto ficou diferente. Fui consertar, desmanchei mais do que o necessário,mas continuei a insistir. Errei de novo. Uma manta longa já se formava, até que uma pessoa entendida em tricô olhou para meu trabalho, minuciosamente, e declarou que eu já tinha errado os pontos lá no início.
- O quê????Desisto. Não faço mais nada! Eu não quero aprender a tricotar, porque eu não tenho paciência, nem dom para isso. Admiro quem tem.
Outra vez, fui aprender o crochê, queria fazer os biquinhos em panos de prato. Só isso!!
Comecei fazendo tudo como me ensinaram, seguindo todos os passos, depois não aguentei tanto "repeteco" e fiz de outro jeito. Inventei uns pontos diferentes, ficou horrível e, no fim, eu não sabia mais como fazer, fiz uma confusão.
Lembro que no meu tempo de escola tínhamos aula de trabalhos manuais. Era um tédio para mim. Hoje recordo com saudades de todos os trabalhos que fiz (contando com a ajuda de muitas pessoas: minha mãe, minha colega, ...) . Recordo, por exemplo, do cachorrinho de esqueleto de arame e os fios de lã amarrados para formar o pelo(que trabalheira); o bordado de vagonite (parecia uma tabela matemática); o rosto talhado na madeira (esse eu até gostei!); os papéis recortados e sobrepostos (que colei os dedos, junto)...
Por favor, eu imploro não me peçam para realizar trabalhos de tamanha delicadeza, eu fico muito estressada, ao contrário do "relax" que as pessoas dizem sentir. Contudo, eu admiro e parabenizo quem tem esse dom: as mãos habilidosas. E é para esses artesãos que dedico "essas linhas entrelaçadas" do meu desabafo sincero.


                 Tricô e crochê     

                                                   Maria Luiza Machado  








Caricaturista- Gustavo Quenari 



Ver: gustavoquenari.blogspot.com.br  tel contato: (00598) 96562051 Uruguai
                                       
                                        


Escultor: Daniel Marques           tel contato: (53) 84120178

                                     






                                                Tricô:  Kátia Levien
                                  tel. contato : 32931540 ou 84191831






                 Pintura a óleo e crochê      Maria Inês Gavioli   tel. contato: 32306501

                                       



Obs: Os artesãos foram escolhidos aleatoriamente entre tantos que lá estão expondo.

Link para conhecer e saber mais sobre a FEARG:
http://www.fearg.com.br/new/site/home/index2.php

* Domingo, dia 15 de julho é o último dia para visitá-la. Aberta das 13h às 23h30' no Centro de Eventos de Rio Grande-RS



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