"Caso o cotidiano lhe pareça pobre, não reclame dele,

reclame de si mesmo que não é poeta o bastante

para evocar as suas riquezas."


Rainer Maria Rilke

Cartas a um jovem poeta.Porto Alegre: L&PM,2006.p.26




sábado, 27 de julho de 2013

Comprar e vender

É incrível a tara por botas e sapatos: cano alto, baixo, estilo campeira, salto altíssimo, enfim qualquer embrulho para o pé.
Sentar nas cadeiras de loja de calçados é assistir de camarote os pedidos, quase súplicas às vendedoras. Pede-se maior, menor, de outra cor, ....  
 As mais dedicadas trazem tantas caixas que parece que o estoque mudou-se para a entrada. As dificuldades em escolher contrastam com a dificuldades em se enxergar. A de perna fina adorou  uma bota de cano largo que parecia um tronco de arbusto enxertado dentro de um vaso. A vendedora para não perder explicava que é a última moda são os canos bem largos. Se é ou não, fica a dúvida.
A ordem é vender.
A tara é comprar. 
  

segunda-feira, 22 de julho de 2013

Consciência

Hoje, conforme anunciado, a temperatura em nossa cidade (Rio Grande-RS) foi de 5,5º C às 9h26 da manhã, mas por causa do vento a sensação térmica era de - 6,6 º . Ou seja, muito frio, mesmo assim ainda era uma das mais quentes do Estado. Imagina lá na Serra?
As pessoas para se proteger precisam usar toucas de lã, botas, meias grossas, mantas, luvas, blusões e casacos de lã grossa ou jaquetas. Quem tem lareira, estufa, ar condicionado, cobertores e pantufas suporta bem o frio. Chocolatadas, café quente, sopas também esquentam o corpo, mas nem todos tem todos esses recursos.
E pensando nisto uma jovem postou na rede social um pedido de perdão e de piedade demonstrando que o futuro não está perdido. Há uma juventude consciente, solidária e que reflete bastante sobre a vida. Isso é um bom sinal.

Eis a sua oração:


 "Meu Deus, nós reclamamos do frio, mas imaginem as pessoas que vivem nas ruas, que não tem um casaco quentinho para se aquecerem, que não possuem um teto pra se proteger do frio, que não tem uma cama e um cobertor aconchegante...nesse frio Senhor proteja aqueles que estão nas ruas sem nenhum abrigo! E me perdoa Deus por muitas das vezes eu reclamar que "estou com frio", qd vc me proporciona o que eu preciso para me manter aquecida!" 
                                                             Vicky Ferreira  22/07/2013

domingo, 21 de julho de 2013

Um exemplo





Dia 20 de julho, dia do amigo, fiz uma visita aos meus tios Carmem (83 anos) e Osvaldo (90). Passei uma tarde agradável. Conversamos sobre o presente e o passado, pois o futuro, com certeza, a Deus pertence.

Um casal harmonioso, com jeitinho de gente feliz. Estão casados há 62 anos, mais três anos juntos entre o namoro e noivado. Constituíram uma família de cinco filhos e agora já possuem oito netos e um bisneto.(Se não errei nas contas.)  

Estar com eles é sempre muito  bom. Ouvir a tia falando ao tio: "Meu amor. o prato fica guardado no balção"... enquanto ele, prestativamente, guardava a louça.
Ver o carinho e o cuidado do tio com ela. A paciência de ambos.
Muitos jovens deviam passar uma tarde com eles e só observá-los, entenderiam porque certos casais vivem tão bem e por tanto tempo: É muito AMOR!!! Quem ama cuida e dá carinho ao outro. 
Uma lição de vida a dois.


Vítor Hugo,um dos filhos, com Carmem e Osvaldo Araújo

quarta-feira, 17 de julho de 2013

Tentando ver...


"Tangos & Tragédias"  no CIDEC- da Furg

                                       


                                                  Muito bom!!!

fonte: Wikipédia

Hique Gomez interpreta Kraunus Sang e toca violino, enquanto Nico Nicolaiewsky incorpora o triste Maestro Plestkaya, o qual toca acordeon e piano. Os personagens são naturais de um país fictício chamado Sbørnia, do qual os dois teriam fugido, segundo a dupla, após a chegada do rock and roll no país, refugiando-se no Rio Grande do Sul.
A Sbørnia era um país ligado ao Continente por um istmo, separando-se após sucessivas explosões nucleares mal-sucedidas, sendo atualmente uma ilha à deriva, navegando livremente pelos mares do mundo. O país, cujo sistema político vigente é o anarquismo hiperbólico, vive a reciclar o lixo cultural de outras nações e possui até moeda própria: o scombrio. Entre as músicas que fazem parte do folclore da Sbørnia estão o "Copernico" e a "Aquarela da Sbørnia"4 .

O Tangos & Tragédias foi criado no ano de 1984, em Porto Alegre
(...)O espetáculo já passou por diversos teatros do Brasil, além de contar com uma versão em língua espanhola, apresentada em Buenos Aires (Argentina), Quito (Equador), Manizales (Colombia) eCádiz e San Sebastian (Espanha)2 . Em Portugal, foi escolhido pelo público como o Melhor Espetáculo durante o Festival Internacional de Teatro de Almada, em 2003, e Espetáculo de Honra, em 20043 .
Em dezembro de 2007, a dupla lançou o DVD Tangos e Tragédias na Praça da Matriz, gravado em 2004, durante uma apresentação de comemoração dos 20 anos da peça, reunindo 20.000 pessoas na Praça da Matriz, em Porto Alegre.

vídeo: Fonte: youtube
http://www.youtube.com/watch?v=IrC37oswGfU  interpretando "Epitáfio"

http://www.youtube.com/watch?v=kjYOShA265s   Trechos do espetáculo na FURG

sábado, 13 de julho de 2013

Desnecessárias

É impossível não ouvir, numa fila enquanto se aguarda a vez ou numa sala de espera. o que as pessoas são obrigadas a declarar simplesmente para terem direito ao atendimento. Acredito que mostrar o documento de identidade e um comprovante de residência à atendente já deveria ser o bastante para ela preencher seus dados, em silêncio. Quaisquer outras perguntas deviam ser solicitadas e respondidas num lugar reservado junto ao profissional que você está buscando. 
No cotidiano não é isso que acontece. As pessoas precisam dizer (em tom bem alto!) onde moram, quais seus números de telefones, seu estado civil, sua profissão e tantas outras informações pessoais para adiantar a ficha do médico, agendar a visita do técnico, etc.
Lembro de uma amiga, economista, super organizada financeiramente, que não costumava fazer dívidas, mas certa vez resolveu abrir um pequeno crediário e foi bombardeada com várias perguntas em voz alta. Isso a deixou tão indignada que piscou o olho para a filha pequena e,  com exceção dos documentos, deu respostas diferentes. Bagunçou geral, mas provou assim que era possível fazer uma conta no comércio apenas com os dados principais corretos. Ou seja as outras perguntas são especulativas e desnecessárias.

quinta-feira, 11 de julho de 2013

Trocando de assunto

Acho que ultimamente não tenho agradado nem as pesquisas da internet. As visualizações caíram consideravelmente. Comentários, então? Nem se fala. 
Estou pensando em escrever "mais abobrinhas" ou quem sabe dar palpite sobre outros temas ou fazer microtextos.   
Bom, hoje como é dia de paralisação, vou começar paralisando meu blog. 

Nada de nada. 

sábado, 6 de julho de 2013

Adaptação ao momento

Li um poema de autora desconhecida postado na rede social sobre as mudanças que um filho pequeno faz na vida da mãe e o significado disso,  o qual transcrevo ao final deste post.
Como seria o mesmo poema em relação ao filho que cresceu e os pais que envelheceram?
Vejamos:

Um filho é                      

o cabelo branco tingido                                  
a ruga dos olhos
o álbum antigo de fotografias
a poupança guardada
o motorista de plantão                               o chazinho esfriando
o compromisso transferido
a visita cancelada
a providencia desnecessária
a previsão do tempo atualizada
a porta sempre aberta
a conta grande do telefone
a eterna preocupação
o plano de saúde "ainda" familiar
a lembrança
o quarto vazio
a saudade
a espera...
a compensação: a visita
o ciclo que se renova
com a alegria dos netos...

(Veja o texto original abaixo.)

Um filho

Ele é o nó no meu cabelo.
O esmalte descascado na minha unha,
as olheiras no meu rosto.
Ele é o brinquedo na gaveta de roupas,
o amassado nas páginas do meu livro,
o rasgado no meu caderno de anotações.
Ele é o melado no controle remoto,
o canal de televisão,
o filme no DVD.
Ele é o farelo no sofá,
As tesouras no alto.
Ele é a marca de mão nos móveis,
o embaçado nos vidros,
o desfiado nos tecidos.
a gaveta da cômoda aberta.
Ele é o coque na minha cabeça,
o amarrotado nas roupas,
as frutas fora da fruteira,
os panos de prato amarrando os armários.
Ele é o meu shampoo cheio de água,
a espuma no chão do banheiro,
o brinquedo dentro da privada.
Ele é o interruptor nas tomadas.
Ele é o peixe no aquário,
a árvore de natal,
os "pisca-pisca" de todas as casas.
Ele é o círculo, o susto....
A primeira visão da lua no começo da noite....
O valor do trabalho, a vontade de aprender,
a minha força,
a minha fraqueza,
a minha riqueza.
Ele é o aperto no meu peito diante de uma escada,
a ausência de sono diante de uma febre.
Ele é o meu impulso, o meu reflexo, a minha velocidade.
O cheirinho no meu travesseiro,
o barulho,
a metade,
o azul.
Ele é o vazio triste no silêncio de dormir,
o meu sono leve durante a noite.
Ele é o meu ouvido aguçado enquanto durmo.
A minha pressa de levantar da cama,
a minha espera de bom dia.
Ele é o arrepio quando me chama,
a paz quando me abraça,
a emoção quando me olha.
Ele é meu cuidado, a minha fé,
o meu interesse pela vida,
a minha admiração pelas crianças,
o meu respeito pelas pessoas,
o meu amor por Deus.
É o meu ontem,
o meu hoje,
o meu amanhã.
Ele é a vontade,
a inspiração,
a poesia.
A lição, o dever.
Ele é a presença, a surpresa
a esperança.
A minha dedicação.
A minha oração.
A minha gratidão.
O meu amor mais puro e bonito.
A minha vida!



quarta-feira, 3 de julho de 2013

Surpresas



"A surpresa vem de alguém criativo"- é o que se pensa, a princípio. 
"A surpresa é muito legal" é o que, geralmente, as pessoas dizem, mas em ambas afirmativas há controvérsias.
Venho analisando várias surpresas e estou começando a admitir que elas não são tão interessantes como eu "também" imaginava. Um dia, a diretora da escola, em que eu trabalhava, estava de aniversário. Os colegas resolveram homenageá-la com uma surpresa: convidando para a festa a sua família (pais,marido e filhos). Lembro que reunir todos numa homenagem de trabalho, em que a principal figura era a "chefe" não foi uma boa ideia, embora feita com a melhor das intenções. Ela não foi indelicada, mas seu semblante não escondeu sua insatisfação.
Outra vez uma colega, pessoa de bom gosto e acostumada a fazer compras de boa qualidade, recebeu de presente uma blusa de uma grande amiga, era um  presente-surpresa pelo aniversário. Ao abrir o pacote e ver a blusa ela até quis, mas não conseguiu, disfarçar a indignação pela péssima escolha. Por educação agradeceu, mas ficou tão incomodada com a situação que não experimentou a roupa. Passados alguns dias nos revelou que jamais esperava que sua amiga pudesse lhe dar algo de tanto mau gosto, já que era uma pessoa que apreciava belas roupas e tinha um olhar apurado. Surpresa lastimável!
Ontem fui, toda contente, presentear meu neto com um dinossauro para fazer companhia ao que ele tem com as patas quebradas e que, na sua imaginação, fala e pula muito. Imaginei que iria brincar com os dois. Antes de abrir o presente, ele me fez a seguinte pergunta: É um carrinho, vó? ... Desabei. 
Há alguns anos, conheci um jovem, aluno da escola, que adorava fazer surpresas às namoradas. Eram surpresas criativas, diferentes, mas nem sempre agradáveis. Uma delas mais parecia tarefa de gincana. Cada bilhetinho encontrado levava a outro mais difícil que o anterior, ao final, tornou-se chato e cansativo. Esse jovem nem a namorada aguentou.
As flores e os perfumes, contrariando estatísticas, na verdade não são apreciadas por todas as mulheres. Chocolates, há quem não goste, mesmo que seja uma exceção à regra. Eu mesma sou essa exceção.Odeio.
É!... Começo a constatar que surpresas tem alto risco de erro. O melhor é perguntar antes.