"Caso o cotidiano lhe pareça pobre, não reclame dele,

reclame de si mesmo que não é poeta o bastante

para evocar as suas riquezas."


Rainer Maria Rilke

Cartas a um jovem poeta.Porto Alegre: L&PM,2006.p.26




sábado, 20 de agosto de 2016

Universo virtual

No século XXI, você pode habitar o planeta Terra, mas se não estiver incluso no universo virtual, há a possibilidade de tratar-se de uma pseudo-existência.  É desta maneira que são interpretadas as pessoas que fogem das redes sociais. Elas evitam aparecer , mas é quase impossível que em algum momento não sejam flagradas.
Você pode relutar, resistir, negar ou desviar-se, até o momento crucial que alguém fotografe o público e, sem querer, sua pessoa aparece em foco. A partir daí todo restante do mundo lhe encontrará facilmente. Se tiver seu nome em algum lugar logo constará na pesquisa do Google.
Há pessoas que não participaram das redes sociais e faleceram, então seus amigos muito entristecidos postam o horário do enterro ou da missa de 7º dia com a foto do falecido. Não adiantou tanta resistência ao mundo virtual, inserido no último minuto.
Sem levar em conta a ressurreição - a partir daí a viúva, os amigos dão vida ao falecido. Ele aparece no jogo clássico de futebol, num passeio no fim de semana, no sofá da sala. Aquele que nem era lembrado agora está mais vivo do que nunca.
O interessante é que para muitos não basta estar numa só rede, nem mesmo se for a mais acessada. Para "existir" de fato tem que aparecer as postagens no Facebook, no Instagran, no WhatsApp, Linkedin, no Twitter, etc. Sem esquecer de atualizá-las com uma foto ou frase do dia, de frente, de costas e de perfil.
Aquela célebre frase " o cara morreu e esqueceram de avisá-lo" está valendo.
Se não quiser aparecer no mundo virtual não peça para nascer.